sexta-feira, 9 de março de 2018

Alinhando o discurso de Jeff Weiner com a realidade do mercado de trabalho nas organizações do Brasil

Alinhando o discurso de Jeff Weiner com a realidade do mercado de trabalho nas organizações do Brasil.





Após ler as notícias referenciadas nos links acima comentando sobre a afirmação de Jeff Weiner (CEO do LinkedIn) "Habilidades, não diplomas, definem hoje os melhores talentos" e refletir um pouco a respeito do cenário do mercado de trabalho atual do Brasil, fico com a impressão que estamos bem distantes dos processos de seleção de empresas do primeiro mundo. Pensar que as empresas nacionais atualmente já possuem este nível de maturidade seria considerado uma utopia.

Em momento algum venho criticar o ponto de vista do CEO ou as empresas de RH nacionais. As habilidades pessoais mencionadas por ele são realmente essenciais para qualquer profissional atuante no mercado de trabalho atual. Um fato importante que muitos profissionais precisam entender, é que as empresas atualmente estão atrás resultados de produtividade dos funcionários e a sua disposição de assumir riscos e não de profissionais altamente diplomados.

O problema é que são poucas as organizações brasileiras que operam na visão comentada por ele quando falamos em nível de maturidade dos processos seletivos. O RH destas empresas podem até compartilhar esta  visão, mas teoricamente, acabam seguido ordens de selecionar profissionais com o mais alto nível, inclusive exigindo principalmente profissionais diplomados em instituições renomadas, solicitando cursos pós-graduações/especializações e certificações dentro da respectiva área de atuação.

Os jovens profissionais por sua vez, se quiserem conseguir um emprego no brasil, acabam por sua vez tendo de seguir os padrões do mercado de trabalho nacional. Outra realidade é que possuir um diploma de faculdade hoje em dia, significa somente atender um pré-requisito. Dependendo do cargo e pré-requisitos, muitas das vezes, os profissionais que não possuem um diploma universitário, não conseguem nem ser chamados para participar de um processo seletivo ou são eliminados do processo na etapa inicial. No início de carreira quando são admitidos, não conseguem nem um emprego dentro de suas expectativas, só um cargo para conseguir pagar as suas contas e para ganhar alguma experiência. Talvez no futuro graduando-se, especializando-se e com mais experiência profissional acabem encontrando e conseguindo o cargo que tanto esperam e sonham. 

Algumas dessas empresas ainda possuem uma área de seleção de profissionais operando seu RH na versão 1.0, isto é, utilizando modelos ultrapassados de processos de seleção. Concordo que não posso ser tão crítico com as multinacionais, que talvez possam ter revisto alguns de seus conceitos e alterado alguns de seus pré-requisitos.

Deveríamos nos fazer as seguintes perguntas: 

a) As empresas de RH do Brasil já possuem o apoio da alta gestão executiva para realizar contratações de profissionais da forma comentada pelo CEO?

b) Com base no modelo apresentado, os pesquisadores de países de primeiro mundo, conhecem fortemente a cultura das organizações nacionais ou já trabalharam em uma empresa brasileira em nosso país?

c) Os pesquisadores de países de primeiro mundo já tentaram candidatar-se em sites de empregos nacionais e observaram os pré-requisitos para a candidatura de determinada vaga? 

Fato: Ninguém faz faculdades, pós-graduações ou especializações simplesmente por lazer. É uma necessidade exigida para os profissionais conseguirem passar pelo filtro dos processos seletivos nas organizações nacionais ou manterem-se atualizados em um mercado de trabalho que sofre constantes mudanças na nova era ao qual estamos.

Até um para um concurso público no Brasil com um salário mediano, é exigido a formação superior em determinada área em seu edital.

Em minha experiência pessoal vivenciei alguns processos seletivos e passei a observar certas empresas que restringiam determinadas instituições de ensino em seus processos, ou seja, realizavam uma determinada "peneira" para selecionar determinados candidatos baseando-se em seus critérios pessoais, isso ocorria também para processos seletivos de estágio onde observava-se requisitos e graus de exigência bem altos em um momento onde muitos destes profissionais estão cursando sua graduação e tentando simplesmente aprender.

Não vamos criticar as áreas de RH, mesmo porque no fundo estas cumpriam exigências de áreas acima delas obedecendo o nível hierárquico das organizações. Mas nada impede que gestores de RH oriundos de outras organizações que seguiam estes modelos arcaicos, implantassem esta cultura em seu novo local de trabalho.

Concordo que o bom relacionamento interpessoal, inteligência emocional, capacidade de adaptação a mudanças, espírito de trabalho em equipe e outras habilidades pessoais são fundamentais. Muitas das empresas possuem áreas de RH que ainda não possuem uma área estratégica para desenvolver esta cultura, pois não possuem o apoio para adotar certos métodos ou experimentar novas ideias. No final os RH(s) são massacrados por uma grande quantidade de atividades administrativas, funcionando como um departamento pessoal. Os altos executivos das organizações do Brasil ainda precisam apoiar mais estes RH(s) para que eles consigam fazer sua transição para a versão 2.0 (upgrade) e trazer resultados mais significativos para estas organizações.

Não venho aqui para perseguir ninguém, só estou passando algumas ideias para que reflitam a respeito do mercado de trabalho nacional. Acho que o importante é pensar que algumas destas organizações nacionais jogam de acordo com seus interesses para selecionar profissionais altamente capacitados. Onde no fundo, não sabemos se estes mesmos profissionais aprovados nestes processos serão valorizados da forma que esperam.

Já tive o prazer de conhecer profissionais que não possuíam faculdade, mas possuíam "conhecimentos elevados" e capacidade suficiente para trabalhar em determinada área. Em outros casos, muitos possuíam diploma universitário, mas estavam formados em outra área específica diferente da que trabalhavam. Nos dois casos confesso que eram profissionais fantásticos, pois amavam o que faziam e se atualizavam. A faculdade também é um momento em que desenvolvemos as nossas habilidades, somos testados, fracassamos e aprendemos com os nossos erros. Ela também serve como um elemento de desenvolvimento das nossas qualificações pessoais.

Talvez a revolução, novos conceitos e disciplinas comportamentais devam ser aplicadas nas disciplinas de graduação durante esta fase ao qual estamos cursando o ensino superior. Seja qual for o tipo de conhecimento, isto é, uma qualificação pessoal ou técnica, ela torna-se válida para o desenvolvimento individual. O importante é que os profissionais busquem sempre o tipo de conhecimento que necessitem se desenvolver mais.

Processos seletivos como estes comentados por Jeff Weiner, estão relacionados a culturas organizacionais que possuem um nível de maturidade superior, isto é, empresas do primeiro mundo localizadas nos EUA e Europa onde estes departamentos de RH atuam na versão 2.0 e possuem autonomia total para aplicar novos conceitos e testar novos métodos gestão de pessoas, isto é, mais foco no trabalho de desenvolvimento humano.

Mas certas empresas do mercado nacional (terceiro mundo) ainda precisam alcançar este nível sonhado e principalmente ganhar o apoio esperado da alta gestão para conseguir alcançar maturidade em seus processos de seleção de novos talentos e métodos para valorizar e desenvolver os profissionais de uma determinada organização. Caso contrário, ficaremos presos ao "politicamente correto" isto é, aquele onde falo uma coisa, mas na hora de agir, faço algo totalmente diferente do que foi falado.

Um outro fato comentado é que boa parte das contratações nacionais são feitas hoje através de "indicação" (o tradicional QI ). O que pode vir a passar por cima de toda a visão comentada acima ou desconsiderando certas etapas do processo seletivo. Existem casos onde gestor contratante da empresa critica o RH durante o processo de seleção do candidato e acaba obrigando-os a avançar com a contratação imediata de determinado funcionário. 

A questão fundamental para a solução de um problema é admitirmos que temos um. Desta forma, para avançar e fazer um plano de ação para os processos seletivos e mudança para desenvolvimento e capacitação humana dos profissionais de uma organização, precisaremos mudar a mentalidade da alta gestão das organizações e conscientizá-los da necessidade de alterarmos a forma arcaica dos atuais processos de seleção operando na versão de RH 1.0 .

Pode ser bem complicado fazer comparações de processos seletivos entre um país de terceiro mundo (Brasil) com um país de primeiro mundo (EUA, Europa etc...) pois a cultura, educação e o nível de maturidade são superiores ao nosso. Você precisa antes de mais nada, estudar os modelos deles e verificar o que pode ser aplicado e o que não pode nas áreas de RH nacionais.

Muitas pessoas acabam sendo obrigadas a se adaptar e seguir as regras do mercado de trabalho nacional para conseguir sobreviver nesse país, pois como dizia Charles Darwin:

“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”.

Um abraço a todos e até a próxima.

Referências:

"Habilidades, não diplomas, definem hoje os melhores talentos" - Jeff Weiner (CEO do LinkedIn)


terça-feira, 6 de março de 2018

Dicas para elaboração de currículos


Dicas para elaboração de currículos


Olá pessoal, boa tarde!

Não sou um dos donos da verdade e nem quero estar 100% certo. Meu interesse é apoiar as pessoas diante desta crise econômica em suas recolocações. Se este artigo chegar a somente uma única pessoa e fazer a diferença na vida dela, já estou feliz da vida.

Com algumas experiências pessoais, sites e redes sociais, aproveito esta oportunidade para apresentá-los algumas dicas de elaboração de currículos:

01 - Jamais minta em seu currículo: Profissionais que mentem em currículos são desmascarados por profissionais de RH com perguntas precisas e específicas. Existem pessoas que são excelentes em mentir e exagerar, mas são desmascarados com facilidade. Por exemplo, a linguagem corporal pode dizer muito a seu respeito durante as entrevistas. Outro fato é que você pode ser aprovado na entrevista, mas futuramente terá de comprovar aos colegas de trabalho suas experiências e conhecimentos. Você pode até não possuir a experiência dentro dos requisitos solicitados, o mais importante de tudo é mostrar ao entrevistador que você possui vontade de aprender, motivação e comprometimento. Seja honesto, sincero e transparente durante a entrevista. A mentira quebra a credibilidade do candidato e pode gerar um colapso permanente da confiança durante a entrevista, portanto evite constrangimentos.


02 - Estenda o seu networking profissional: Faça mais contatos e busque profissionais dentro das empresas ao qual você acha que possuem potencial para fazer novas contratações. Nada o impede de fazer contato com antigos amigos da sua cidade e faculdade para pedir apoio. Entenda também que o networking é uma oportunidade para o desenvolvimento e troca de ideias. Estando empregado ou desempregado, você deve sempre ter uma visão "colaborativa" e quebrar a mentalidade desta cultura de competição enraizada no nosso aprendizado brasileiro. Digo isso porque outros países estão mais evoluídos neste aspecto de educação. Ajudar e contribuir sempre agrega valor valor a vida das pessoas de forma significativa. E se você está ajudando as pessoas, estará ajudando a si mesmo. Você sabe qual é a melhor forma de aprender? Resposta: É ter que ensinar.

03 - Faça um currículo personalizado com o perfil da vaga de interesse: Surgiu uma vaga com o seu perfil? Escreva e ajuste o currículo com um perfil semelhante a vaga. Às vezes o melhor caminho para ser selecionado por um entrevistador em um processo seletivo, é ter o seu currículo ajustado de forma devida para a vaga específica. Muitos currículos são deixados de lado durante a seleção justamente porque são panfletados, isto é, não possuem um foco direcionado para aquela vaga. A verdade é que os candidatos geralmente possuem um currículo genérico onde não fazem alterações a um certo tempo e o candidato envia este currículo desta forma sem fazer até alguma revisão ou atualização (no modo 0800 Brasil das couves) para o entrevistador ou responsável pela seleção. Isso dificulta bastante o trabalho de RH ou consultorias especializadas, pois eles perdem muito tempo tentando entender se o currículo enviado atende as expectativas da vaga.

04 - Evite o uso de modelos de currículo da internet (templates) e questione-se sempre a relevância deles: Muitos modelos de currículos disponibilizados na internet são genéricos. Por este motivo, acabam faltando certas informações para serem incluídas ou estes fogem do padrão aceito pelas empresas e consultorias de RH. Não trate o seu currículo como um folder, trabalhe ele de forma estratégica e evite colorir muito.


05 - Entenda qual o tipo de currículo está dando mais certo para você: A recomendação de especialistas em RH é que um currículo seja feito no máximo em 2 folhas. Mas um currículo simples em uma única folha também pode ser um bom exemplo. Profissionais de RH, consultorias e empresas possuem uma série de atividades administrativas. No final, o tempo deles é bastante curto, quanto mais simples e adequado, mais você facilitará o trabalho deles. Faça alguns testes e marque uma pontuação de aceitação do modelo criado. Peça também apoio de profissionais de RH para observarem se este currículo que você acabou de criar. Faça uma a pontuação com relação ao retorno de entrevistadores com base no currículo que enviou, o objetivo aqui é verificar a "aceitação" para verificar se o modelo criado está está no caminho certo.

06 - Pense e use estratégias diferentes das atuais utilizadas por outros profissionais: Muitos currículos atualmente são cadastrados diretamente no site das empresas. Só que... quando você não é solicitado pelo entrevistador ou RH para fazer o cadastro no site da empresa, no final este seu cadastro acaba sendo somente mais um. Existe uma grande quantidade de currículos cadastrados. A melhor solução para este caso, seria descobrir uma pessoa (contato) dentro da empresa para ajudá-lo a entregar o currículo impresso para o RH, mas entendo que este caso é difícil. A segunda estratégia é ser mais "cara de pau", isto é, visitar a empresa fisicamente e deixar o currículo aos cuidados do RH. Mesmo que o RH informe a você que existe cadastro no site, vão perceber que você teve uma iniciativa diferente, isto é, foi até o local e entregou o currículo.

07 - Verifique a relevância dos cursos em seu currículo e atualize-se sempre: Não esqueça de ter foco dentro da área que atua. Os entrevistadores sempre tentarão entender a relevância dos cursos que você atualmente está fazendo, comparando-os com sua área de atuação atual e o cargo pretendido. Faça cursos de atualização na sua área e jamais passe a impressão que está parado. Há vários cursos gratuitos na internet e se existe a oportunidade e possibilidade de atualização, você pode recorrer a este recurso. Aproveite e verifique sempre se existem palestras e eventos nas faculdades, a questão principal que comento aqui é a busca do conhecimento.

08 - Visite o site das empresas: Sempre procure entender o modo de operação, o segmento da empresa e sua saúde financeira. Pois isso sempre é uma preparação para a entrevista. Muitos destes sites também apresentam vagas em aberto, o que pode também ser um canal aberto para fazer futuras candidaturas a determinadas vagas. Uma observação é que os entrevistadores questionarão sempre o que você sabe a respeito da empresa. Isso mostra o seu interesse em fazer parte da mesma e se a vaga atual tem possui sentido e relevância para você. Lembrando que os candidatos sempre estão em busca de uma carreira que faça sentido em suas vidas.

09 - Solicite ajuda de colegas de profissão com recomendações profissionais: Solicite o apoio de colegas de profissão para ajudá-los com as recomendações profissionais. É sempre importante avisá-los que está em busca de emprego e se pode contar com o apoio deles. Os profissionais de RH provavelmente entrarão em contato com eles para buscar informações e referências ao seu respeito. O Linkedin possui um recurso onde você solicita recomendação aos profissionais pertencentes a sua rede profissional. Se você faz uso constante, é importante que solicite recomendações aos seus colegas de profissão.

10 - Realize padronizações (organização): Padronize o seu currículo de forma que ele fique semelhante ao que esta escrito dentro da sua rede social profissional do Linkedin. Se você adotar esta estratégia, no meu ponto de vista, acredito que isso trará resultados e facilitará bastante os entrevistadores. O Linkedin é uma rede social profissional conhecida e muitos profissionais de RH, headhunters e consultorias fazem uso desta, para buscar de profissionais. Eles receberão o seu currículo digital enviado por email e farão comparações com o seu perfil da rede. Este recurso também é usado para fazer o alinhamento com outros profissionais internos da empresa e a tomada de decisão com relação aos processos seletivos.

11 - Faça a revisão ortográfica e a concordância lógica do seu currículo: Currículos com erros de ortografia mostram uma certa falta de atenção de profissionais no nível de escrita e redação. Estes são fatores que deixam profissionais de RH com dúvidas e incertezas a respeito do candidato. A dica neste caso, é que solicite aos seus colegas de profissão ou amigos que possuem um bom nível de leitura e escrita, para ajudar com a leitura do seu currículo. Algumas vezes eles acabarão descobrindo coisas que podem lhe surpreender ou pegar você de surpresa. Escreva também o currículo de forma simples e objetiva, evitando uma linguagem de difícil compreensão para os entrevistadores. Lembre-se que estes profissionais possuem pouco tempo e precisam selecionar candidatos das mais diversas áreas de atuação nos processos seletivos. Profissionais de RH não são doutores ou arqueólogos egípcios, são pessoas como nós também e possuem as suas dificuldades e limitações. Já cheguei a ver alguns currículos com emoticons (aquelas imagens animadas de carinhas e gestos que colocamos em postagens de redes sociais). Mas acredito que é necessário um pouco mais de maturidade e seriedade com a apresentação profissional e envio de currículos. Candidatar-se a uma vaga de emprego não é uma mensagem para seus amigos do dia a dia em redes sociais.

Conclusões finais:


A elaboração de um currículo é um trabalho que envolve esforço e dedicação pessoal. Você deve sempre este fator em consideração, pois nele você está falando da sua carreira. Não esqueça que você é o empresário da sua vida, isso exige gestão e administração.

Uma rede social serve como um elemento que contribui para o relacionamento pessoal, profissional e a troca de ideias. Você tem a oportunidade de conhecer pessoas fantásticas que agregarão muito em sua vida no aspecto profissional e pessoal. Você deve utilizar sempre isso ao seu favor, pois estamos em plena era da informação caminhando para a quarta revolução industrial. Desta forma, você deve estar alinhado as tendências do mercado na sua área de atuação e fazer o uso constante da tecnologia ao seu favor. Nos tempos antigos, muitos gênios, físicos e cientistas revolucionaram o mundo com suas teorias e dedicaram suas vidas para termos a tecnologia que temos atualmente. Vamos nos esforçar sempre para sermos os melhores nos aspectos pessoais e profissionais em nossas vidas, inovando e revolucionando o mundo em dedicação especial a eles.

Desejo boa sorte a todos!!! Um abraço e até a próxima.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Gambiarras e o jeitinho brasileiro

Gambiarras - O jeitinho brasileiro de resolver as coisas

Certa vez um antigo amigo de profissão comentou que estava passando por um problema de tensão elétrica em uma escola técnica particular do RJ onde trabalhava. A escola funcionava de segunda a sexta no horário de 07:00 às 22:00 hs e algumas vezes discutíamos o problema.

Com o tempo, devido a pressão sofrida pelos seus chefes para solucionar o problema, ele pediu uma ajuda aos amigos para fazer uma checagem no local.

Nas conversas, sempre comentava que o problema era esporádico, algumas vezes acontecia 4 vezes em um mês, no outro acontecia 3 vezes, mas não tinha um histórico detalhado. Do meu ponto de vista, você realmente só entende a causa quando vai fisicamente ao lugar realmente passar pela situação.

O problema principal era que este problema afetava diretamente o funcionamento dos equipamentos elétricos, isto é, computadores, impressoras, rede etc... . O comportamento era paralisar alguns equipamentos da operação do local, como se travasse, no final era necessário desligar e ligar novamente o equipamento. Em outros casos, alguns equipamentos foram danificados e até precisaram ser substituídos pelo que comentou.

Combinamos era que na próxima vez em que a situação ocorresse, era para nos avisar diretamente, que eu iria para o local o mais breve o possível com outro conhecido.

Recebemos o aviso, mas no dia estávamos bem atarefados, mas mesmo assim fui ao local. Mesmo chegando 2 horas após o problema ter ocorrido, a situação havia sido normalizada e o problema desaparecido.

Discutimos com a equipe do local. Chegamos a conclusão que para começarmos a trabalhar na causa do problema, era necessário compararmos os históricos antigos, emails e as conversas com os técnicos. Logo depois começamos a elaborar um checklist.

O que estudamos inicialmente:

  1. Estrutura elétrica e aterramento do local;
  2. Nobreaks ligados ao circuito elétrico (UPS);
  3. Levantamento da planta baixa elétrica do prédio e estudo dos pontos elétricos;
  4. Monitorar a taxa de variação elétrica do prédios;
  5. Comparativo de consumo de energia elétrica durante os meses do problema para verificar se houve aumento de consumo de energia;
  6. Entender se a concessionária elétrica responsável (neste caso a Light) fizesse uma checagem da estrutura elétrica próxima ao local da escola e o relógio elétrico da escola.
Dias posteriores a escola contratou um técnico em elétrica para visitar a escola e fazer algumas análises com relação à concessionária e outros testes no local.

O resultado é que o cabeamento elétrico local estava dentro do tempo de vida de 10 anos. Porém o técnico queria também analisar alguns equipamentos. Infelizmente não conseguimos fazer alguma verificação nos equipamentos para não indisponibilizar o funcionamento da escola (operação).

Uma coisa que nos preocupou foi à complexidade e a quantidade de pessoas envolvidas no problema aumentou. Resultado: Em um aspecto positivo isso aumenta a quantidade de idéias para a solução do problema, por outro lado isso aumentou a complexidade e tempo na busca da causa do problema. Você precisa executar as atividades atuais e as novas atividades que foram geradas com as novas idéias em busca da solução do problema.


2a Etapa - Testes realizados fora do expediente:

Com o técnico em elétrica e alguns analistas visitamos o local no final de semana e fizemos outras análises, resultando nos testes abaixo:

  1. Elaborar um relatório e checklist de todas as atividades executadas no dia para mantermos um controle do que foi realizado.
  2. Executar um bypass no Nobreak (UPS) para verificar se havia algo de errado na parte elétrica do local;
  3. Testar o conjunto de baterias do UPS separadamente para verificar se estavam em pleno funcionamento e sem problemas;
  4. Análise dos disjuntores e o projeto elétrico do prédio, pontos e equipamentos ligados a este.
  5. Analisar todos os equipamentos elétricos de uma forma geral, ligados a esta rede elétrica e fazer um cálculo de tensão elétrica.


Resultado -  A Causa do Problema

         Muitos dias de análises e comparações não nos fizeram chegar à causa raiz do problema, a descoberta da causa foi algo inesperado.

         Realmente é difícil para mim até hoje acreditar no que foi descoberto. Há um ano atrás, o encarregado de manutenção recebeu a solicitação de colocar uma lâmpada na saída de uma das janelas laterais do prédio. Como sofreu vários pedidos e pressões da administração, resolveu buscar em uma loja de material de construção na rua comprar um plafonier simples e puxou uma extensão elétrica a partir do teto rebaixado de uma lâmpada. Acabou passando esta fiação pela janela que era uma janela de ferro. O resultado é que o fato de abrir e fechar dessa janela de ferro descascava e amassava e descascava fiação resultando futuramente na causa de um curto, toda vez que a janela era aberta. O mais estranho nessa história me parece ser esse campo elétrico da janela, combinada as lâmpadas fluorescentes da sala. O engraçado era até o barulho de ruído fraco quando você falava no celular ou aquela interferência forte no momento que colocamos um rádio sintonizado em AM no local, no momento em que fizemos a simulação proposital. E porque não foi descoberto isso antes?? O cabeamento elétrico foi pintado da mesma cor que a janela por este encarregado, dificultando a visão deste cabo de dentro da sala, mas fora do prédio, observou-se que não havia uma explicação clara da origem desta extensão. Com isso descobriu-se a gambiarra pelo lado de fora da sala. O correto seria passar esta fiação por cima do teto ou pela parede quebrando a parede adequadamente e usando um duto ou uma tubulação PVC para fazer esta passagem da fiação elétrica.

Para forçar a execução do problema, esperamos a aula terminar no local para abrir a janela e ligar esta luz.

Resultado: Abriu-se a janela e ocorreu o problema na sala com a oscilação das lâmpadas fluorescentes. Logo depois ligou-se a luz de saída da janela lateral do prédio e o curto elétrico ocorria na hora. Ah sim... detalhe... de dia a lâmpada da sala era ligada e ocorria também o curto circuito, mas era um curso de inglês que era feito esporadicamente 1 a 2 vezes na semana.

Essa janela dificilmente era aberta, só esporadicamente para limpeza ou alguma atividade dentro da sala durante o dia, por isso a dificuldade da detecção do problema.

Como o clima já estava bem tenso a foto não foi tirada. Meu amigo já estava bem estressado quando presenciou a questão e abandonou o local. Em alguns livros e estudos de causas de problemas, um problema grave é um agravo de causas pequenas ou erros de controles de pequenos processos do dia a dia. Admito que quanto mais trabalho nesta área, mais sou surpreendido. O meu chute era para algum equipamento elétrico no local com falha, uma bola totalmente para fora.

A pergunta que me persegue até hoje: Porque o disjuntor referente ao local não desarmou devido ao curto criado na abertura da janela? Lembrando que estes haviam sido substituídos, segundo a observação do técnico de elétrica. Ainda se discute este assunto até hoje.

Lições Aprendidas:

1 - Sistemas de Gestão de Serviços foram criados por este motivo: Toda e qualquer solicitação de serviço precisa ser registrada em um sistema de gestão informatizado, a fim de evitar que problemas futuros apareçam. Isso deve servir para todos os profissionais que prestam serviços. Mesmo que o técnico não tenha acesso ao sistema, algum responsável deve ajudar a registrar esta solicitação. Inclusive quando a atividade for concluída, informar como o serviço realizado, com a data e os responsáveis pela execução do serviço. Alguns ainda pensam que os criadores destes sistemas simplesmente os criaram por lazer, mas estavam errados, eles são essenciais para as empresas que dependem de serviços, seja qual for a modalidade de serviço.

2 - Tenha um responsável pelo acompanhamento e reporte do problema: Atividades por mais simples que sejam precisam ser supervisionadas e cuidadosamente planejadas junto à equipe responsável. No caso acima, o acompanhamento de um responsável com um conhecimento analítico elétrico seria a melhor solução, mesmo que não tenha, uma pessoa terá de ser nomeada através do processo "eu te batizo o responsável por acompanhar esta tarefa".

3 - Tenha uma forma de documentar as informações sobre o problema: Sempre armazene as informações (sistemas de gestão de serviços, relatórios, planilhas, checklists ou outro modelo de controle) a respeito do problema ocorrido para garantir com que os estudos de causa referentes ao mesmo problema avancem periodicamente e sejam solucionados de forma mais rápida e eficiente.

4 - Apresente uma solução de contorno: Por mais difícil que seja e se não sabe quanto tempo levará para resolver o problema, tenha um plano de uma solução de contorno enquanto analisa a causa principal. Isso ajuda a equipe a conseguir trabalhar sem ser interrompido pelos responsáveis.

5 - Troca de idéias e informações (brainstorm): Saiba praticar "escuta ativa", isto é, ouvir todos os membros da equipe para verificar seus pontos de vista e suas idéias, muitas delas podem ser a saída para a solução do problema. A comunicação entre a equipe deve fluir sempre.

6 - Comunicação: Tenha sempre um plano de comunicação para avisar os responsáveis sobre o andamento das atividades, isso mostra o progresso da equipe, os passos executados e fornece um feedback/retorno para os gestores. Mesmo porque eles também são cobrados por seus superiores sobre o status das atividades. Inclusive a comunicação precisa fluir entre a equipe durante a atividade.


Estudos e melhoramentos a partir da análise das lições aprendidas:

  • Teste de Falha (queda de luz): Teste de indisponibilidade da concessionária elétrica, para verificar se a fonte de energia ininterrupta, isto é, o dispositivo UPS (Nobreak) está alimentando adequadamente os dispositivos de TI do local dentro do período aceitável;
  • Realizar um Plano de Comunicação para todos os funcionários: Muitos funcionários estavam cientes do que estava ocorrendo. Todos os funcionários foram levados para o auditório para apresentá-los a causa raiz do problema e informá-los que todas as solicitações de serviço agora terão de ser realizadas através da abertura de um ticket (chamado). Desta forma você tem um registro de atividade e isso facilita a busca de mudanças ocorridas durante um período. 
  • Planta Elétrica: Foi atualizada a documentação da planta elétrica e atualização de alguns pontos elétricos; 
  • Troca de equipamentos elétricos: Revisada a questão do aterramento do local, todas as tomadas foram trocadas por tomadas de três pinos e substituição dos disjuntores. 
  • Estudos Elétricos: Cálculo exato de tensão e substituição de disjuntores devido ao crescimento de consumo elétrico (pontos elétricos, computadores e outros equipamentos novos); 
  • Nobreak (UPS): Substituição das antigas baterias do dispositivo UPS; 
  • Aquisição de estabilizador: Como a ideia do colégio era crescer mais devido ao plano de criação de novos cursos (mais salas de aula, computadores etc...), a sugestão seria a de inclusão de um estabilizador mais profissional na entrada do CPD (de qualidade e porte para atender esta demanda). Se o modelo de negócio precisar garantir a criticidade da operação, um estabilizador de porte pode incorporar as funções de um filtro de linha garantindo a proteção dos dispositivos conectados a rede elétrica. O estabilizador é um equipamento que possui o objetivo de proteger aparelhos eletrônicos das variações de tensão que recebe da rede elétrica. Portanto, as tomadas devem trazer energia estabilizada, diferente da energia que vem da rua, exposta a variações. Em alguns testes, foram pegos taxas de variação de energia no circuito elétrico.
Um ponto a ressaltar é que como “Brasileiros“ algumas vezes precisamos repensar se o nosso jeitinho brasileiro de resolver as coisas é realmente adequado a determinadas situações. Pois isso acaba sendo um elemento que pode nos fazer pagar um preço alto mais a frente, justamente como no exemplo que mostrei acima. Não venho aqui criticar o encarregado de manutenção que realizou o serviço, mas o fato de que os responsáveis envolvidos discutam como apresentar uma forma de trabalho diferenciada que apresente resultados significativos, isso é um compromisso de todos (gestores, diretores, supervisores e funcionários). Como algumas vezes comento, o brasileiro é excelente no requisito de criatividade, mas é péssimo em planejamento e execução. Muita gente era fã da série do MacGyver (Profissão Perigo) e até se inspiraram neste programa para fazer esses fantásticos gatilhos, mas cuidado com os exageros, pois na TV tudo é mais fácil, mas não vamos esquecer que a vida real é bem mais complicada.



























quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Os desafios para conseguir empreender no Brasil


Os desafios para conseguir empreender no Brasil

    Recentemente fui assistir a uma palestra de empreendedorismo em uma Universidade. A impressão que tive foi uma visão parecida que alguns profissionais do Linkedin onde estes comentam sobre "a fantástica falácia do empreendedorismo" em seus posts, e não é toa que boa parte dos comentários deles são verdadeiros. 

    Você observa muitos livros falando a respeito do empreender politicamente correto no Brasil baseados em conceitos tradicionais, mas ainda há uma certa dificuldade de se mostrar qual é o verdadeiro desafio de conseguir fazer esta atividade no país. No Brasil ainda existem vários elementos que não contribuem significativamente para isso. Um exemplo disso são as próprias escolas de primeiro e segundo grau que não possuem disciplinas de educação financeira, administração, projetos e planejamento. Esses conceitos quando chegam mais cedo na cabeça dos jovens servem como elementos fundamentais para o seu desenvolvimento tanto no lado pessoal como profissional.

    Dependendo da complexidade da ideia de negócio quando falamos em investimento financeiro, as pequenas ideias conseguem seguir adiante e isso pode ser considerado o início. Mas as ideias de negócio mais complexas que exigem um alto valor financeiro, podem a vir a ficar paralisadas e por fim perder o seu tempo. Isto porque, se os bancos e investidores não ficarem com uma boa impressão da sua ideia de negócio, acabam vetando o seu investimento, mesmo que você tenha escrito ou apresentado um excelente plano de negócios.

Pessoal... vocês já viram como o pais é Governado? Ele é o reflexo do nosso modelo cultural e educacional. Atualmente temos um ministro de ciência e tecnologia que detesta tecnologia sendo admitido através de cargo de confiança. O desenvolvimento em pesquisa e tecnologia teve seus investimentos reduzidos para pagar dívidas da crise que passamos. O governo desistiu do PRONATEC e a coisa simplesmente foi suspensa... depois eles falam de "uma pátria educadora". E olha que nem falamos do BNDES que não apoia os empreendedores da forma que deveria ser feita. Nas propostas aprovadas por eles ao investir no negócio, eles querem ficar com 60% do negócio, tomando o controle do negócio do empreendedor. As faculdades possuem com milhares de trabalhos de conclusão de curso (TCC) que ficam em prateleiras ou jogados em um canto nestas instituições.

    Ainda assim o povo é guerreiro e segue em frente. Mas uma das variáveis que devem ser levadas a sério é o planejamento. Se você tem uma ideia de negócio o importante é:

  • Quanto tempo deverei me dedicar ao negócio?
  • Qual é o valor do investimento? Isto é, o gasto inicial para começar, o gasto mensal (material,  fornecedores, funcionários, impostos)?  Ter um controle detalhado dos gastos e uma gordura para alguma surpresa inesperada.
  • Eu tenho escrito um passo a passo de como o negócio irá funcionar? Há um plano de negócio detalhado para apresentar?
  • Foi feito uma análise da minha concorrência? Se sim... como o produto deles funciona em relação ao meu? Qual seria o meu diferencial?
    Muito se é falado sobre o tema, mas é necessário ter os pés no chão. Justamente pelo fato da educação de algumas pessoas não ser fundamente focada em administração, finanças, projetos e planejamento. Uma boa gestão e administração de negócios são elementos essenciais para o sucesso de um empreendimento. Digo isso porque já vi alguns destes negócios fracassarem pela ausência destes elementos. 

    Sugiro vocês a questionarem aos seus filhos se as escolas deles possuem estas disciplinas. Já vou adiantar que poucos terão, e sabe porque? Porque as escolas de ensino básico e médio ainda estão preocupadas em atender aos requisitos do MEC com seus regulamentos e normas jurássicas. Em um mundo que vivemos de constantes mudanças e transformações, onde já se é falado da quarta revolução industrial (inteligência artificial) nossos jovens precisam estar mais do que preparados. E não ainda ter que esperar fazer uma faculdade para ver se ainda irá vir a cursar estas disciplinas, isso se estas disciplinas estiverem presentes na grade curricular do respectivo curso ao qual farão. 

    Estudem sempre, pensem bastante a respeito de comunicação, trabalho em equipe, projeto e principalmente em planejamento. Você não precisa de uma "faculdade" para empreender, mas "conhecimento" é fundamental.  Todo mundo quer definir o que é empreendedorismo hoje, mas isso fica preso algumas vezes a conceitos do empreender politicamente correto. O brasileiro é ótimo no elemento "criatividade", e até mais do que em outros países, mas ele é péssimo em planejamento e execução. Empreender é desenvolver a sua criatividade e inovação.

    Não deixem que definam o que é empreendedorismo para você, pois isso é muito pessoal. Saia dessa caixa do empreender politicamente correto. 

Ainda estamos na inércia.

sábado, 25 de novembro de 2017

As 15 melhores práticas para uma migração de Data Center de sucesso


As 15 melhores práticas para uma migração de Data Center de sucesso

Artigo traduzido do autor: Henrique Cecci - Data da Publicação: 06 de março de 2017.
Site: www.gartner.com

RESUMO:

Migrações de Data Centers são freqüentemente complexas e arriscadas. Estas melhores práticas ajudarão os líderes envolvidos nesta atividade, a investir a quantia apropriada de tempo e dinheiro em planejar, execução e testando em ordem proteger o negócio e maximizar as chances de uma migração de Data Center próspera.


AVALIÇÃO


Desafios Chave:

A atividade de colocation, fusões e aquisições (M&A), instalações desatualizadas, iniciativas de consolidação e novas abordagens para a capacidade do Data Center de abastecimento geralmente criam a necessidade de mover o equipamento de TI de um Data Center para outro.

A maioria das migrações experimenta superações de custos e degradações de desempenho devido ao planejamento impróprio ou à falta de equipes e recursos dedicados.

Os funcionários existentes geralmente têm pouca experiência em planejar, organizar e realmente mover equipamentos de um Data Center para outro.


Recomendações:

Líderes de Infraestrutura e Operações planejam migrações de Data Center como parte de uma estratégia de entrega de infraestrutura:

Use conhecimentos externos com uma metodologia comprovada, se você não possui conhecimentos e habilidades internas para planejar, gerenciar e executar o projeto de migração de Data Center de forma efetiva.

Elabore e execute um plano de comunicação forte em todas as fases do projeto para eliminar rumores. Envolva todos os usuários afetados com freqüência e com informações completas.

Desenvolva planos de mitigação de risco, migração e retorno usando procedimentos de recuperação de desastres (DR) para testes.

Documentar continuamente o processo ao longo do projeto para desenvolver lições aprendidas e materiais de referência para as avaliações pós-migração e encerramento.

Esta pesquisa examina as melhores práticas na migração de Data Center. Não é um exame completo de todas as metodologias de migração. Em vez disso, é uma lista das melhores práticas que se destinam a ajudar os líderes de Infraestrutura e Operações (I&O leaders) a ter sucesso durante um processo de migração.

A migração de Data Center não se refere meramente sobre o estabelecimento de uma infraestrutura e o deslocamento das cargas de trabalho do ponto A para o ponto B. Muitas vezes, é um projeto complexo e arriscado, onde o processo correto e a experiência são cruciais. Apenas para ilustrar, o planejamento avançado é primordial para uma migração bem-sucedida. No entanto, se a organização não possui os recursos internos adequados para planejar adequadamente, ela deve combinar os recursos internos com os externos para planejar, gerenciar e executar o projeto de migração efetivamente. Os líderes de Infraestrutura e Operações devem evitar que o projeto de migração prejudique o negócio. Eles devem garantir que os aplicativos e serviços continuem a funcionar normalmente - com tempo de inatividade mínimo e sem degradação no desempenho.

Para ajudar os líderes de Infraestrutura e Operações a alcançar esse objetivo, esta pesquisa concentra 15 práticas recomendadas para a migração de Data Center (veja a Figura 1).


Figura 1 - Quinze Melhores Práticas para a Migração do Centro de Dados
Origem: Gartner (March 2017)


Análise


A maioria dos projetos de migração de Data Centers bem sucedidos compartilham práticas similares, como expertise, preparação, gerenciamento, execução, comunicação e alinhamento de negócios. O objetivo desta pesquisa não é fornecer um exame extensivo de cada uma dessas práticas. Em vez disso, é fornecer uma lista pragmática de melhores práticas. Esta lista foi derivada das observações de numerosos clientes do Gartner envolvidos em projetos de migração de Data Centers nos últimos seis anos.

Com base em nossa orientação em "Migrações de Data Centers - Cinco Passos para o Sucesso" organizamos estas 15 melhores práticas nas cinco principais etapas mostradas na Figura 1: iniciação, avaliação de risco, planejamento, execução e encerramento. No entanto, as organizações podem variar a ordem dessas práticas recomendadas, dependendo das circunstâncias da sua migração. Eles também podem aplicar essas práticas recomendadas a múltiplos ambientes (por exemplo, no local, colocation e / ou nuvem).

As seções a seguir descrevem as 15 melhores práticas que devem ser consideradas em um projeto de migração de Data Center.


1 - Habilidades e Experiência

Ter as habilidades e competências adequadas é crucial. Como a migração do Data Center não é uma atividade cotidiana, os funcionários existentes geralmente tem pouca experiência em planejar, organizar e realmente mover cargas de trabalho de um centro de dados para outro. Os líderes de Infraestrutura e Operações devem avaliar se os recursos internos estão disponíveis e são capazes de planejar, gerenciar e executar a migração efetivamente. Se interno Os recursos estão faltando, recomendamos o uso de expertise externa.

Nota: Uma das principais razões pelas quais os projetos de migração falham é que as equipes de infraestrutura e operações muitas vezes pensam na migração principalmente como um projeto de mudança de equipamentos.

No entanto, a maioria do trabalho - bem como a maioria dos riscos - reside no desenvolvimento de um plano de migração de carga de trabalho. O equipamento é a parte fácil - colocação de carga de trabalho, dependências, impacto comercial e risco são as partes difíceis.


2 - Equipe do projeto

A migração maior ou complexa precisa de um líder dedicado. Esse líder deve estabelecer uma equipe com representantes de todos os eleitores afetados. O líder também deve ter a autoridade para alocar recursos e direcionar as pessoas (consulte "Migrações de Data Center - Lições que economizarão tempo e dinheiro").

Os membros da equipe não devem ser apenas especialistas em seus domínios, mas também estarão dispostos a aprender sobre disciplinas adjacentes, porque o surgimento de todas as interdependências será crítico. Quanto mais elaborada ou expansiva for a migração, maior será a probabilidade de que os membros da equipe precisem ser aliviados ou parcialmente retirados de suas responsabilidades diárias para trabalhar no projeto de migração em tempo integral. Seja realista sobre a experiência desses membros da equipe e esteja preparado para aumentar suas habilidades com ajuda externa, conforme necessário. Para projetos mais longos, esteja ciente de que o planejamento de substituição provavelmente será necessário: à medida que os membros da equipe se mudam para outras funções durante o projeto, suas habilidades precisarão ser substituídas.


3 - Preparação

Uma migração bem-sucedida de Data Center depende da preparação prévia e do planejamento avançado.

Um comitê que inclua representantes de TI e de negócios deve ser estabelecido para atender adequadamente todos os recursos necessários, incluindo:

Custos de migração (consulte "Três alinhamentos para alcançar antes de usar a consolidação do Data Center para otimizar os custos") Contratos existentes para software, hardware, serviços (incluindo telecomunicações), manutenção, DR, instalações e outros itens. A preparação também deve envolver as seguintes tarefas: Criando um inventário detalhado de ambos os equipamentos e aplicações Realização de uma revisão de análise de impacto empresarial (BIA) (veja "Usar a Análise de Impacto Empresarial para Habilitar Programas Efetivos de Continuidade de Negócios e Recuperação de Desastres"). Essas tarefas fundamentais devem implicar uma avaliação ou auditoria detalhada de exatamente o que precisa ser movido, quando e como.

O ensaio (ou simulação) também é uma parte essencial do processo de preparação. Para garantir que todas as unidades compreendam o processo, as organizações devem primeiro definir o ensaio no papel, iterando conforme necessário. Então, a organização deve agendar vários ensaios de migração durante o projeto para validar suposições e determinar informações críticas, como tempo de migração e disponibilidade de recursos.


4 - Simplificação

Quanto menos se move, mais fácil é a migração. Portanto, simplifique, minimize, virtualize, consolide e elimine o máximo possível antes de iniciar o processo de migração.


5 - Interdependências

Parte da fase de avaliação de risco, geralmente chamada de "fase de descoberta", deve incluir uma avaliação detalhada das interdependências entre aplicações e equipamentos de TI (servidores, armazenamento e redes). Esta avaliação ajudará a definir a viabilidade e os detalhes de uma migração em fase. Recomendamos o uso de várias ferramentas, incluindo ferramentas do Banco de Dados de Gerenciamento de Configuração (CMDB) e outras, durante a fase de avaliação de risco.


6 - Comunicação

A execução de um plano de comunicação eficaz durante todas as fases do projeto de migração é primordial para eliminar rumores e falsas fontes de informação. A comunicação deve envolver todas as partes interessadas (stakeholders) e atribuir funções e responsabilidades.

A divulgação da migração tanto para a equipe de TI interna quanto para as unidades de negócios afetadas também é fundamental para evitar surpresas. Recursos Humanos (HR) pode ser de excelente assistência - especialmente se o pessoal for afetado. Divulgue marcos, falhas e sucessos. Prepare um funcionário detalhado e plano de comunicação de gerenciamento e forneça atualizações regularmente (de preferência através de um portal on-line continuamente atualizado).


7 - Planejamento

As migrações do centro de dados geralmente ocorrem em etapas. O número de etapas geralmente variam de acordo com fatores como o tamanho do Data Center, os níveis de risco do serviço, o orçamento e as restrições de tempo. A maioria das organizações usa uma variação da seguinte abordagem multi estágio:

  • Primeiro, a organização migra grupos de baixo risco, com a suposição de que algo no processo provavelmente precisará ser corrigido. 
  • Uma vez que o processo global é sólido e a equipe está bem treinada para lidar com contingências, a organização migra grupos de alto risco. 

8 - Plano de Contingência

Problemas surgirão durante a migração. O desafio é identificar esses problemas com antecedência e formular mitigações de risco adequadas. A chave para o sucesso é uma fase de preparação boa e sólida. Por exemplo, um inventário detalhado de equipamentos e links de rede geralmente é o fundamento de planos de contingência. Além disso, equipamentos intermediários e sistemas de backup devem ser incluídos nos planos de contingência sempre que necessário.


9 - Testes Pré Migração

O desempenho melhora com a prática. Antes de migrar o equipamento, execute um conjunto completo de testes para estabelecer uma "linha de base" de infraestrutura e operacionalidade, funcionalidade e desempenho da aplicação.


10 - Migração

Para evitar erros inesperados, imponha um período de "congelamento de mudanças" começando antes da migração e terminando após a migração.

Durante a migração, esteja preparado para enfrentar problemas comuns, como problemas de conectividade de rede, credenciais incorretas (nome de usuário e senha) e falta de validação / teste. Essas questões podem ter um efeito em cascata em outros movimentos de carga de trabalho, especialmente se um caminho de escalonamento não tiver sido determinado corretamente. Assim, tais questões podem alongar o período de congelamento e impactar negativamente o projeto.


11 - Testes

Para todos os testes, adote uma abordagem baseada em risco que incorpore os resultados da análise de impacto de negócio (BIA) e a contribuição de peritos ou especialistas com  larga experiência sobre um determinado assunto (SMEs - Subject Matter Experts).

Por exemplo, ao executar testes no nível do aplicativo, assegure-se de que os proprietários/usuários chave de aplicações/unidades de negócios participem do esforço de validação e do processo de assinatura. Não se esqueça de incluir cenários de failover no seu plano de teste.


12 - Testes Pós Migração

Use os mesmos casos de teste executados durante a fase de pré-migração e compare os resultados da pós-migração com os resultados da linha de base.

As diferenças nos resultados podem indicar que surgiram novos problemas durante o processo de migração. Dirija todos os problemas descobertos.

Após uma migração bem-sucedida, tenha recursos de suporte especiais disponíveis por alguns dias. Preste atenção extra às diferenças no desempenho do processamento de transações on-line, no desempenho máximo e no desempenho do processamento em lote. Finalmente, verifique se todos os serviços foram totalmente testados em termos de funcionalidade, resiliência e desempenho.


13 - Auditoria

Recomenda-se uma revisão e auditoria pós movimentação do projeto de migração, isto é, antes de iniciar as atividades de movimentação para o novo Data Center. A revisão deve incluir uma avaliação do seguinte:

  • O processo do projeto;
  • Conformidade com o plano de negócios inicial e as especificações de projeto;
  • Conformidade com o cronograma do projeto;
  • Comentários dos membros do projeto e das partes interessadas;

Esta revisão fornecerá uma visão valiosa sobre fatores de sucesso críticos, lições aprendidas e conhecimento que podem ser sindicados para outros projetos dentro de sua empresa. As lições aprendidas podem tornar os projetos futuros mais efetivos.


14 - Encerramento

Execute o fechamento corretamente para garantir que nenhum custo ou despesa escondida continuará impactando TI no futuro. Por exemplo, execute as seguintes etapas:

  • Fechar (encerrar) os contratos de serviços em equipamentos de TI mais antigos; 
  • Fechar (encerrar) os contratos de software que não estão mais em uso; 
  • Desmantelar os ativos (recursos) de armazenamento restante (incluindo copiadoras); 
  • Cancele contratos de fornecedores que gerenciam administração, manutenção de serviços e fornecimento de entrega de serviços. 

15 - Atualizações

Finalmente, processos, procedimentos e documentação - incluindo planos de recuperação de desastres (DR), testes de conformidade e certificações de auditoria - devem ser atualizados uma vez que a migração do centro de dados esteja completa. Além disso, valide se todos os sistemas de suporte (por exemplo, CMDB) foram devidamente atualizados. O novo Data Center provavelmente terá uma configuração diferente, o que também pode exigir sessões de treinamento para as equipes operacionais.

Por último, o reconhecimento e o marketing também são importantes. Reconheça os esforços de todas as partes e promova a migração bem-sucedida com as entidades empresariais.


Lista de Abreviaturas e Siglas:

BIA
Business Impact Analysis
Análise de Impacto no Negócio
CMDB
Configuration Management Database
Banco de Dados de Gerenciamento de Configuração
DR
Disaster Recovery
Recuperação de Desastres
HR
Human Resources
Recursos Humanos
I&O
Infrastructure and Operations
Infraestrutura e Operações
M&A
Mergers and Acquisitions
Fusões e Aquisições
SME
Subject Matter Expert
Especialista com larga experiência sobre determinado assunto

Evidências:

As melhores práticas identificadas nesta pesquisa foram derivadas de observações de numerosos clientes do Gartner envolvidos em iniciativas de migração de Data Centers. Estes dados foram coletados de janeiro de 2011 a janeiro de 2017. Os clientes envolvidos abrangeram uma grande variedade de indústrias e áreas geográficas múltiplas.

Referências:

Fifteen Best Practices for a Successful Data Center Migration
Published: 06 March 2017 - ID: G00324187
Analyst(s): Henrique Cecci

Artigo Original:
https://www.gartner.com/doc/reprints?id=1-42A6QF2&ct=170607&st=sb&tsk=72393P&pc=46295T